xmlns:og='http://ogp.me/ns#' A HISTÓRIA DA FAMOSA ENCHENTE DE SÃO MIGUEL ~ Panorama News

segunda-feira, 28 de setembro de 2015


SEGUNDA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO



O CONTO

Contam que é assim, eu não sei se é.
Uma vez o padroeiro desta terra aqui do pampa era São Miguel. Mandava na chuva, no vento, na geada. Na neve, se fosse o caso. Foi no tempo em que os castelhanos eram donos, mandavam e desmandavam na indiada toda. Ainda está lá, para quem quiser ver, o que sobrou da igreja de São Miguel das Missões, uma senhora igreja.
Acontece que um tempo depois chegaram os portugueses pelo lado do mar e botaram São Pedro de padroeiro, o São Pedro do Rio Grande. E foram avançando, e avançando, até tomar a terra toda dos castelhanos. E deram, a essa terra toda, o nome de Continente do Rio Grande de São Pedro. Depois, muito depois, é que mudou para Rio Grande do Sul.
São Pedro, todo mundo sabe, é o dono das chaves do céu. Nuvens, vento, chuva, é tudo controlado por ele. O pobre do São Miguel ficou sem o pedaço de mando dele no céu, igual aos castelhanos que perderam o mando na terra. Aí, numa boa, São Pedro autorizou São Miguel a mandar uma chuva por ano, que era para ser a chuva de São Miguel.
Então, contam, São Miguel aproveita para tirar o atraso. Manda chuvaradas e chuvaradas, quase sempre aí pelo fim de setembro, perto do dia dele, que é o dia 29. Por isso é que elas ficaram conhecidas por esse nome de enchente de São Miguel.
De uns tempos para cá, a data não é muito respeitada, mas a enchente de São Miguel acontece sempre: seis meses antes ou seis meses depois, mas acontece.

HISTÓRIA DAS ENCHENTES:

Grandes inundações e enchentes marcaram a cidade de Porto Alegre ao longo da história. A primeira documentada em registros históricos é de 1823, quando as inundações destruíram grande parte das plantações da cidade. Setembro é, historicamente, um mês marcado por intensas precipitações no Rio Grande do Sul a ponto de no vocabulário popular ter sido criada a expressão "Enchente de São Miguel", em alusão ao dia 29 de setembro que marca este arcanjo. 
As enchentes na área urbana principal da cidade foram registradas pela última vez na década de sessenta. Após a grande inundação de 1941 foram adotadas diversas medidas de contenção contra cheias que tornaram as enchentes menos freqüentes na cidade, mas não impediram as inundações de 1965 e 1967. O maior volume de chuva em 24 horas no mês de setembro em Porto Alegre na série histórica 1961-1990 deu-se justamente em 1967 com 95 milímetros no dia 19. 
Nestes últimos quarenta anos as enchentes em Porto Alegre têm se limitado às ilhas, o que pode novamente ocorrer agora nos próximos dias. Mas a cidade sofreu gravemente com inundações ao longo da história no mês de setembro. 

Em 1833, por exemplo, relatos históricos da época descrevem uma inundação de grandes proporções com as águas atingindo a Rua Marechal Floriano. Em 1847, uma outra enchente, também em setembro, castigaria a cidade. Uma grande imundação voltaria a castigar Porto Alegre em 1873 devido às intensas precipitações ocorridas no final de setembro e começo de outubro na Bacia do Jacuí. A Rua dos Andradas e o Caminho Novo (Voluntários da Pátria) ficaram debaixo d’água. O serviço de bondes foi interrompido em inúmeros pontos. Foi uma das maiores inundações na capital gaúcha de todo o século XIX com o Guaíba 3,5 metros além da cota.Veio então 1926. A maior "Enchente de São Miguel" de Porto Alegre no século XX. A cheia atingiu grandes proporções. Algumas ruas do Centro e do Menino Deus ficaram cobertas de água e era possível andar de barco. Entre 13 de setembro e 3 de outubro daquele ano choveu 317,7 milímetros em Porto Alegre, observando-se chuva em 16 dias.


Em setembro de 1928, o Guaíba chegou a ficar 3,20 metros além da cota, novamente produzindo-se uma cheia. Mas nenhum dos episódios seguintes no século XX durante o mês de setembro superou em gravidade o que ocorreu em 1926, quando grande parte da cidade ficou submersa.

Fotos: Arquivo, Divulgação

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